quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O maldito poema

Esse é sombrio
Esse é ingrato
Tardio e chato

Esse tem rima
E tem até dado,
E violão em cima do gato

Este é sozinho
E também solitário
Mesquinho e otário

Esse não passa
De um leve capricho
Que laça o enxerido

Esse tem ódio
E um amor bacana
Do ócio de um muquirana

Esse é de bosta
Eu admito
Que roça no que já foi dito

E sempre repete
Como as estações
Mesmo que leve novas expressões

Tem versos de três
Por que não quero contar
O que me fez ao me abandonar

Fico caído
Como os versos passados
Solto um grito desesperado

E o que vem adiante
Que seja bonito
Mesmo durante o maldito

Folgo e desfaço
O que está escrito
Pois nesse laço ainda há risco

Se desobecer
Ao menos comente
"Tem que crescer essa mente demente"

E que seja bendito
O que há pra dizer
"O poema maldito tem de amadurecer"

A morte precoce
Que vejo adiante
Só pode ser coisa de errante

Se erro infantil
Enquanto estive no cerco
Afirmo viril que ouve acertos

E não paro com isso
Porque quero que saiba
Que esse pobre mestiço caiba

Num canto escondido
De um coração
Inserido em pequena emoção

Só não deixe
De se lembrar
Que para todo o sempre lá vou estar

Parece bobeira
Ou irritação
Falo asneira por não ter diversão

Não leia
Não leia
Não leia

Bobo

domingo, 13 de setembro de 2009

Em meados

Dos dias de setembro
Posso dizer
Infelizmente
Que acabou

Já posso jogar meu amor no lixo?
Já posso dizer que não mais existo?
E que sinto falta do esguicho
E que cuido pra não errar o prefixo

Descuidado
Foi isso que fui
E por isso que escrevo
Na esperança que um dia
Alguém
Inadvertidamente
Leia e me entenda

Talvez
Tenha sido isso
Que tenha faltado
Um pingo de felicidade

Um ponto de entendimento
Uma volta de anestesia
Um dia sem limites
Uma noite de fantasia

Não me entenda mal
Só não quero sofrer
Parecer banal
Matar ou morrer

Ah
E que todos saibam
É isso afinal

sábado, 5 de setembro de 2009

Uma busca

A vida inteira me deram presentes
Compravam na loja da esquina
A ultima felicidade da semana

Achando que ferros nos dentes
Dariam fim a tal sina
Que não passava de mãnha

Ao menos era o que me diziam
"Ora menino, deixe de bobeira
Você já tem o que precisa"

O que preciso não me trouxe
Aquilo que sempre procurei
Fácil de encontrar em palavras

Alheias é claro
Não imaginei que fosse tão raro
Encontrar de verdade
Talvez na mesma cidade
Nem que o preço fosse tão caro
Ou que era cercado por um aro
Que protegia da mediocridade
Aquela que chamam felicidade.